Eu não sei como, mas as coisas boas  a gente tem mais facilidade para esquecer. Confesso que eu tinha esquecido quão mágica é a Big Island, na segunda semana de outubro, no Mundial de Ironman.

Pedi desculpas para a minha amiga que pega a vaga todo ano e vai pra lá como se fosse, o litoral do Brasil. A julgava por ir sempre para o mesmo lugar…. Mas estando lá, vivendo a magia do Mundial de Kona não tem como não pensar em ir ano sim, e outro também.

Começo a escrever esse post e o meu olho já enche de lágrima e dá uma sensação muito boa. Talvez seja o ALOHA ainda presente no meu estado de espírito. (que continue para sempre)

Bom, já contei diversas vezes que não tinha a intenção da vaga e foi tudo, T-U-D-I-N-H-O culpa da Yana que eu resolvi viver ese sonho de atleta, ou mehor triatleta, DE NOVO.

Nessa viagem eu aprendi a ser grata e reconhecer que tinha o direito do merecimento. Vivi tudo isso pela primeira vez quando fiz apenas o meu primeiro Ironman, em 2013, com apenas 22 anos. Primeiro Ironman, categoria 18-24 anos, e apenas mais 2 adversárias, gringas, mas também estreantes. (Alias, a Elise Portugal, que ficou em 2º em 2013, também estava em Kona este ano!).

Primeiro Ironman, sub 11h, 1º lugar na categoria e carimbo pro Mundial! Um sonho precoce, um sonho de outras pessoas, um sonho do Mundo do Triathlon, um sonho que a Luca com 09 anos quando começou a “brincar” de triathlon, nunca tinha imaginado viver.

Mas este ano foi diferente. Me inscrevi no IM Florianópolis para continuar meu projeto de vida de fazer um IM por ano (ainda vou escrever sobre isso!), por estar com o orçamento apertado, fiz Floripa pela facilidade da logística. Amadureci, saí da zona de conforto, procurei algo a mais na Luca atleta que não procurava fazia tempo. Consegui perder 6kg e o resultado apareceu. Recorde pessoal na distância, (10h13), melhor natação amadora e melhor maratona pessoal (3h41). Como não pegar o que era meu por direito?

3º Lugar na categoria 25-29 anos que me resultou a Vaga para o Mundial, DE NOVO!

Aí foi só viver tudo pela segunda vez!

Tirando a parte da viagem, conexão, aeroporto…. é tudo maravilhoso! Você chega em Kona e já é recebido na Disney deles. O aeroporto é de outro mundo, ou melhor é havaiano! Bangalôs em ilhas de embarque, desembarque e retirada de bagagem. A mala sai em um ambiente aberto e de livre acesso para quem estiver de fora. O bafo da Ilha com a brisa do mar e o cheiro indescritivel já te mudam de frequência.

Ir para uma cidade desconhecida é incrível, mas voltar para um lugar tão desejado pelo Mundo e você já se sentir “local” é fantástico.

Dessa vez ficamos em um hotel no “point”, 500m do Pier (onde é a largada da prova e onde acontece tudo), do lado-colado da feirinha e perto do burburinho dos restaurantes.

Chegamos na quinta-feira de noite. Não tem como, tem que chegar cedo para se aclimatar, ajustar o fuso (eu não tive problema) e participar da programação completa da prova.

Uma mini férias, vivendo como se fosse atleta profissional, no paraíso. Não tem como ser ruim né? Era treino, comer, e no meu caso, tomar sol! rsrsrs

Pedalar na Queen K nunca é fácil, assim como correr qualquer hora do dia também não é fresco. Nessas horas que dava vontade de chorar, eu lembrava que onde estava, quantas mil pessoas gostariam de estar no meu lugar e só agradecia.

As siskonas pareciam peixe fora do mar, por onde olhávamos tinha atletas treinando, todos magros, fortes e a maioria bonitos. Todos pareciam vendadeiros campeões mundiais. (sem exagero).

Lembro do primeiro trote meu e da Yana, nos achavamos mongas correndo….. Meu deus que desespero. “Yana, devem pensar que a gente é namorada de algum atleta, irmã ou prima… não vão nem imaginar que a gente vai competir”. Era essa a sensação…..

Mas estávamos no bonde, não pagamos pela vaga, conquistamos. Então desencanamos!

Os garçons nos recebiam com entusiasmo único, a alegria de se viver nesse lugar é nitida em cada um. A gente só não entendia a pressa…. Pressa se tem em cidade grande, nos restaurantes sem pedir e ainda comendo, a conta já estava na mesa! Costumes….

O Poke, a Yana morou 3 meses no hawaii e não sabia o que era poke, na primeira oportunidade fomos comer o típico prato havaiano. Cubos de peixe, geralmente atum, com shoyu e diversos tipos de molhos, servido com arroz grudadinho e as vezes com mais um complemento. Eu sou meio fresca e gosto de coisa simples, para mim era o tradicional atumzinho com shoyu no tempero basico. DELICIA! Tentamos até arriscar mas se vier com spice ferrou! Não dá para comer sem água do lado rsrsrs

Mas também não variava muito, fora dois almoços que eu me afundei no prato de macarrão, vivemos de peixinho com arroz! Não tinha erro, a comida em Kona é relativamente barata, com US$20 almoçavámos muito bem! Jantar geralmente era em casa, ovo mexido ou franguinho congelado!

Na semana de prova é um agito, prova de natação, corrida de rua, desfile das cuecas, desfile das nações, jantar de massa, retirada de kits… E no meio disso treinavamos, tomavamos sol e sempre iamos atrás do por-do-sol! 🙂

Além da programação oficial, este ano teve a casa Brasil, oferecida pela Flows. Palestras e programação top preparada especialmente para os 97 brasileiros presentes.

E no meio dessa bagunça desse agito, você atenta a todos os lados, querendo participar de tudo, de repente você esta lado a lado com os melhores atletas do Mundo, os de verdade, Mirinda Carfrae, Danielar Ry, Jan Frondeno, Tim Odonel e por ai vai…. É de ficar doida!

Essa vibe toda misturada é Kona. A junção da beleza e poderes da natureza, com uma paixão em comum de 2mil atletas e o limite físico, a superação mental para concluir uma distância que não rotula ninguém a homem de ferro, mas que nos faz nos conhecer melhor, avançarmos uma casa no limite do nosso corpo e a buscar sempre mais. Mais desafios, mais paixão, mais endorfina, porque afinal, ANYTHING IS POSSIBLE.

ALOHA.