Eduardo Malucelli conta sobre o Mundial de 70.3 em Vegas

O Dudu Malucelli foi o representante da Webtreino, de Curitiba e do Brasil no mundial de 70.3 em Las Vegas que aconteceu no último domingo. O Dudu é um exemplo de atleta, conheci ele na preparação para o seu primeiro IM, ano passado. Extremamente regrado e disciplinado não poderia ter resultado diferente, estreiou bonito com o tempo de 10h04m48s. Seguindo o ritmo, no Iroman 70.3 Brasil, que aconteceu na Penha conseguiu a vaga para o Mundial deste ano,  que participou neste último domingo. 
Aproveitei e pedi para o Dudu contar um pouquinho de como foi a experiência dele, tanto com a prova quanto com a viagem, afinal daqui a pouco sou eu que estou indo para um Mundial!
Duds! Obrigada por participar, que mesmo estando Vegas parou um pouquinho para mandar um textinho pro blog! 
1. A conquista da vaga foi no 70.3 de Penha, mais de um ano antes da prova, como foi a conquista e a preparação neste um ano?

Eu não tinha uma obsessão pela vaga, mas sabia que o nível que eu vinha treinando e competindo me davam grandes chances. Portanto tracei o objetivo de ficar entre os 15 primeiros da categoria para tentar a vaga na rolagem. Acontece que as coisas saíram melhor do que eu imaginava e fiquei em 6º, desta forma peguei vaga direto, sem precisar outros desistirem.

Foi um ano de muita expectativa, mesmo treinando para o Ironman Brasil a cabeça estava sempre voltada para o mundial.

2. E a preparação específica para a prova começou quando? Qual foi a estratégia de treinamento visto que é uma prova dura e com forte calor?

A preparação específica para a prova começou 10 dias depois do Ironman Brasil, quando voltei a treinar.

Em relação ao calor eu não tinha muita estratégia de treinamento a não ser torcer para não termos um inverno tão frio. Não deu muito certo a minha torcida, o inverno foi forte e até nevou em Curitiba depois de 38 anos!!! Rs.

Restou treinar o que tinha para treinar e tentar compensar a diferença de temperatura com muita hidratação, alimentação e paciência.

3. A viagem, este foi o último ano que a prova aconteceu em Las Vegas, agora o mundial passa a ser itinerante, como foi o clima da prova? 
A viagem foi marcada por dois momentos distintos. Até pouco antes de chegar em Las Vegas a ficha ainda não tinha caído para o que estava acontecendo. Quando eu estava arrumando minhas coisas no Brasil eu cheguei até comentar com o meu treinador Maurício Letzow que nem parecia que estava a caminho da prova mais importante da minha vida, parecia que estava preparando tudo para um triathlon em Caiobá (sem qualquer desmerecimento às nossas provas, aliás ultimamente tem sido um exemplo de organização). Isso começou a mudar quando cheguei em Las Vegas e passei a respirar o clima da prova. Foi aí que me dei conta do tamanho do evento que iria participar. Mudei completamente a minha cabeça, deixei meu objetivo de tempo de lado, não queria nem saber se faria a prova em 5hs, 6hs ou 7hs, só queria era curtir cada minuto do antes, durante e depois da competição.

Marquei minha chegada o mais próximo possível da prova (cheguei na quinta-feira à tarde e a prova foi no domingo). Em viagem fica mais complicado termos uma alimentação tão saudável como a que temos na nossa cidade, principalmente quando se trata de para os Estados Unidos… rs.

No dia da chegada eu não treinei. Só montei a bike, fui no mercado comprar muita água e Gatorade e descansei. Na sexta-feira pela manhã saí para uma corrida leve de 30min, logo no início do treino eu tive uma amostra do que seria a competição no domingo. Antes das 8h e a temperatura já passava dos 30º e a humidade lá embaixo. A garganta secou de um jeito que nunca tinha sentido, vi que a pegada seria literalmente “seca”!

Em seguida saí para pedalar e ver se estava tudo certo com a bike. Pouco mais de 5km e a bebida que eu tinha acabado de tirar da geladeira já estava quente!!!

No sábado o lago estava aberto para treino, fiz 20min solto para sentir a água. Depois deste treino fui para o quarto e fiquei descansando e hidratando o dia inteiro, só saí para fazer o check-in da bike e da sacola de corrida.
4. O grande dia, conte como foi a sua prova!

No dia da prova acordei às 4h30min, abri a cortina e uma grande surpresa, estava chovendo!!! Com isso a temperatura que estava sempre entre 37º e 40º nos dias anteriores despencou para “apenas” 27º. Tomei meu café da manhã, peguei minhas coisas e fui para a transição fazer os últimos ajustes na bike.

A natação foi bem difícil (ao menos para mim), nadar em água doce (lago) é muito pesado e eu senti bastante isto. Com pouco mais de 1km percebi que comecei a perder muito a técnica, minha perna estava afundando e as braçadas estavam curtas. Tentei corrigir e coloquei na cabeça que precisava ter paciência, não precisava me afobar, estava ali para me divertir, não para competir. Além do que tinha vários da minha categoria por perto, logo não estava tão mal assim.

O percurso do pedal foi um dos mais bonitos que já vi, inesquecível. O que me chamou a atenção é que a estrada não foi fechada, alguns carros passavam no meio do percurso mas sem atrapalhar. Não é que eles passavam pelo acostamento, eles trafegavam no “meio” da pista, ao nosso lado, mantendo sempre uma distância segura, o respeito pelos atletas competindo foi exemplar.

Por ser percurso com uma única volta de 90km, procurei aproveitar o máximo possível a todo instante pois sabia que só passaria por cada ponto uma única vez. Se a subida estava difícil eu pensava, logo passa e eu nunca mais vou passar por aqui, deixa eu aproveitar bem ela… Assim foram os 90km de pedal.

O pedal saiu como planejado, primeira parte em ritmo confortável e a segunda um pouco mais forte.

Na corrida começou a abrir um sol forte mas estava me sentindo muito bem. O percurso de 21km foi feito em 3 voltas de 7km, sendo 3,5 subindo e 3,5 descendo. Com isso eu também dividi a minha corrida em 3. A primeira volta uma espécie “reconhecimento do percurso”, a segunda com a perna mais solta foi ritmada e última na base do seja o que Deus quiser.

Me diverti o tempo inteiro, tinha horas que me pegava dando risada sozinho, estava muito feliz e foi a prova que mais curti! É uma pena que passou tão rápido.

Em relação à programação de alimentação/hidratação que a minha nutricionista Cassiana Domingues preparou era comer a cada 30min e ingerir de 1L a 1,5L de líquido por hora. Como o tempo virou e forte calor não apareceu, eu mesmo mudei durante o pedal e passei a comer a cada 35/40min e hidratar cerca de 750mL por hora.

Com o sol aparecendo na corrida eu procurei tomar água em todos os postos de hidratação e isotônico alternando posto sim, posto não. Sempre tomava pelo menos um copo e meio de líquido e pegava mais um copo para jogar na cabeça. Alguns postos eu peguei gelo e joguei dentro do uniforme.

5. Daqui 5 semanas eu estou indo para o Mundial de IM, as condições da prova serão parecidas com as de Las vegas, Qual dica que você da, tanto de prova quanto de participar de um evento mundial desejado por tantos atletas?

Tem que ter muita paciência e não se afobar. Principalmente por ser a primeira vez que você vai fazer esta prova, esqueça qualquer objetivo de tempo, colocação e o que for. Curta cada momento e se divirta. Você vai ver que a prova fica muito mais gostosa!

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