Ironman Kona por Brasílio Castro

Para quem acompanhou o blog desde o início, acompanhou os quase 30 Ironman perfil que eu fiz na minha preparação para o Ironman Brasil. A cada semana um atleta era convidado para contar um pouco da experiência do Iron, material que usou e dica para os estreantes. Agora, rumo a KONA, vamos ter histórias de atletas que já participaram da prova sonho de todo triathlon, o Ironman do Hawaii! 
Vamos saber como eles conseguiram a vaga, como foi a preparação, dicas de viagem e o grande dia! Para mim com certeza será super válido, mas acredito que para todos os triatletas também! Afinal, o mundo do ironman corre na veia de qualquer triatleta, mesmo daqueles que ainda não pensam em fazer a prova. Bom espero que gostem desse novo post do blog!
 
Vou começar com um conterrâneo (monstro) que está indo para a sua 3ª participação no mundial, Brasílio castro. Veja se ela não é monstro mesmo:
 
Atleta: Brasílio Vicente de Castro Neto
 
Idade: 31 anos
 
Em que ano participou do mundial de Ironman? 2011 e 2012. (2013 será a sua 3ª participação)
 
Em qual Ironman conseguiu a vaga? Ambos no Brasil.
 
Com qual tempo você se classificou para KONA?  2011 – 09h18/ 2012 – 09h15 / 2013 09h11
 
Quantos Ironmans você fez até conseguir a vaga? 3 Ironmans, 2008, 2009 e 2010.
 
Como foi a conquista da vaga? Somente em 2011 passar a dar certa importância para a conquista da vaga. Nos anos anteriores não imaginava a vaga sempre me pareceu muito distante. Meus tempos eram relativamente bons, mas ainda longe do índice para o Mundial. Portanto, em 2011 quando finalizei a prova com 9h18min, senti que poderia ter conseguido, mas achava um pouco impossível, e quando fui verificar a colocação na segunda-feira pós-prova, vi que tinha ficado em 8° colocado, e minha categoria só tinha 7 vagas, estava exatamente 21 segundos do sétimo. Então fui para a chamada, e para a minha sorte, um dos atletas rejeitou a vaga, e então fui chamada. Realmente uma emoção e tanto, e logo percebi que tinha conseguido o meu principal objetivo até então.
Em 2012 estava mais confiante e queria muito a vaga novamente, pois em 2011 sofri muito durante a prova em Kona, e queria voltar lá para dizer que era capaz de ir melhor. No Brasil fiz uma prova muito redonda, e quando cheguei tinha a certeza da qualificação, pois tinha corrido muito bem, e passado diversos atletas da minha categoria. Só para se ter uma idéia, nos últimos 10km da maratona, passei 6 atletas da minha categoria.
Em 2013 treinei mais e foquei muito no pedal, sabia que se quisesse baixar tempo no Iron, deveria ser mais agressivo na bike, e consegui mais uma vez meu tempo, agora para 9h11. A princípio tinha pensado em dispensar a vaga, pois dois anos seguidos para o Hawai é bastante oneroso, mas pelas dificuldades da minha classificação, e por achar que talvez pudesse ser a última chance de voltar à Kona, resolvi garantir a vaga novamente. Sem dúvida fiquei muito feliz, mas também pensativo em ter que retomar toda a rotina novamente.
 
E como foi a preparação para KONA?Minha preparação de Kona não foi muito diferente do que para o IM do Brasil. Apenas acrescentei mais serras nos treinos de pedal, e ainda transições curtas, porém rápidas. O calor de lá é forte, porém treinando em Curitiba, e ainda no inverno, não é possível vivenciar nem de perto a experiência que teremos por lá. Já o vento, é possível fazermos algumas simulações na estrada com direção a Ponta Grossa (BR-277), local em que encontramos ventos contras e ventos cruzados em todo o percurso.

A viagem: A viagem sem dúvida é a parte mais divertida. Nos dois anos em que estive lá, cheguei com uma semana de antecedência, e logo na saída do avião pude perceber que o clima era bastante quente, mesmo à noite. O clima que antecede os dias da prova, é um misto de tensão e alegria, tensão por temer a prova e pensar que não se pode nem pensar em desistir, e a alegria por estar representando o país. Em todos os lugares em que vamos, desde a feira até nos restaurantes, encontramos os grandes nomes do triathlon mundial. Nos dois anos em que estive lá, fiquei no mesmo hotel do Craig Alexander, Andy Potts, dos irmãos Raelert, Leanda Cave, Julie Dibens e Pete Jacobs. Falei com todos eles, e todos demonstraram a mesma apreensão dos iniciantes, pois quando se fala em Kona, certamente todos eles tem o maior respeito pela prova e pela sua história.
 
A prova: Em 2011 larguei em um lugar muito ruim, bem no meio da galera, e durante mais de 400 metros tomei muitos chutes e socos, sem dúvida uma experiência terrível, pois parece que você vai se afogar. Durante a bike foi muito legal, mas errei na hidratação e no consumo excessivo de sal e isotônicos, e tive muito desconforto intestinal, perdendo muito tempo na maratona. Mas mesmo assim consegui fechar a prova em 9h55min.
Em 2012 fui mais confiante, larguei em um lugar bem melhor, nadei tranquilamente, mas durante o pedal as coisas complicaram, ventos fortíssimos pareciam que iam derrubar você da bike, e alguns momentos pedalávamos clipados a média de 16km/h. No final do ciclismo, pegamos mais de 40km com vento contra, e os tempos da bike subiram bastante. A corrida estava tão quente quanto o ano anterior, mas eu dei muita atenção para a hidratação, procurando tomar muita água e quase nada de isotônico, repondo sal em cápsula, e comendo alimentos salgados e gel. Mesmo tendo me sentido muito melhor do que no ano anterior, fechei a prova em 9h59min, em razão das dificuldades encontradas no ciclismo.
 
Dica para os estreantes na Big Island: Para em quem estréia em Kona só tenho dizer o seguinte: “Lá é a coroação pela conquista da vaga, respeite muito a prova, se hidrate o triplo do que no Ironman Brasil, leva sal em cápsula, procure largar a natação nas laterais evitando o meio, saiba que sua única meta é cruzar o pórtico, muita cautela no início da corrida por se tratar de um lugar fácil, aprecie sem moderação o ciclismo e as belas paisagens da prova, e acima de tudo seja teimoso com seu corpo, e nunca desista, mesmo que ela queira parar”.
 
 
Brasílio, você abriu com chave de ouro! Obrigada pela participação, só esta já valeu as dicas, até por se tratar de treinamento em Curitiba. Ainda vou querer várias dicas até o grande dia! Nos vemos no parque ou na estrada qualquer dia desses 😉 
 
#IronmanKona

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