Ironman Florianópolis por (super) Bento Trindade
Gente vou terminar o race report do Ironman Florianópolis com a participação do BENTO! Eu chorei ao ler o texto dele. Conheci o Bento na Tribo Esporte, quando estava levando a minha bike no Alex Montanha. Até tiramos uma foto juntos lá, (Bento, se tiver essa foto me mande!). Aí em Floripa, pela primeira vez acompanhei a prova até o fim, e o BENTO foi um dos que passou para a chegada e me emocionou, na euforia, tentamos registrar o momento com uma selfie mas a minha habilidade ficou a desejar. O que valeu foi ver o BENTO chegando super bem e realizando esse sonho! Você é um super exemplo! PARABÉNS!
“Meu sonho de participar do IronMan começou no ano de 1996, quando fui convidado pelo triatleta Adir Buschmann (Seu Dico) para participar de uma prova em Santos – SP. A partir daí, foram vários shorts triathlons, triathlons olímpicos, sempre pensando na dificuldade de um dia poder completar um IronMan.
Desde 2011 passei a tentar me inscrever na prova, porém as vagas eram preenchidas muito rapidamente, eu não tinha idéia de como era concorrido. Em 2013, uma nova tentativa e desta vez, sucesso! Mantive silêncio, ninguém sabia e minha família sequer fazia idéia do que estava para acontecer.
A partir do sucesso na inscrição a adrenalina começou a borbulhar, as pernas amoleceram só por imaginar que teria um ano para me preparar para a tão sonhada conquista. Mas e agora? Treinos, alimentação, logística, tanta coisa para organizar! Era o momento de fazer o comunicado à família: Vou participar do IronMan!
A minha família, esposa Neusa, e filhos Giuliano, Paula, Rodrigo, Thiago e Fábio demonstraram as mais diversas reações: surpresa, apreensão e receio de que o pai, com sessenta anos, participaria de uma prova tão desgastante. Mas a maior surpresa na verdade acabou sendo a minha: meu filho Giuliano (o mais velho) também me comunicou que tinha se inscrito na prova e que também iria participar!
Então iniciamos a maratona de treinos, eu aqui em Porto União da Vitória, e meu filho em São Paulo, cada um com seu ritmo e suas possibilidades. Inicialmente procurei uma assessoria (BPM – Vanessa Cabrini) em Curitiba – Pr, a qual agradeço o início do meu treinamento, e após um certo tempo resolvi que deveria prescrever meu próprio treinamento, até porque sou Professor de Educação Física. O meu maior receio não era a parte física, o treinamento em si, na verdade o meu maior receio era a questão nutricional: o que comer? Qual seria a dieta adequada para um maior rendimento? Então, por indicação de um colega triatleta, procurei a Nutricionista Ana Paula Pegoraro, que foi fundamental para que eu obtivesse sucesso.
Na semana da prova, desloquei-me para Florianópolis na quarta-feira para ter maior contato com a centena de atletas que já estavam lá, e quando cheguei em Jurerê fiquei extasiado com a quantidade deles correndo e pedalando por todas as vias de acesso. Na quinta-feira houve um treino de natação do qual não participei, nem meu filho, mas estivemos lá para sentir a energia dos competidores. Neste dia começou a chover, ventar e esfriar e então bateu o medo: e se estiver assim no dia da competição?
No domingo, levantei-me às quatro horas da manhã, após uma noite praticamente em claro (muito nervosismo), e fui com meu filho tomar café. Não consegui comer praticamente nada, a ansiedade havia me tirado a fome, assim como havia levado o sono. Vesti minha roupa de borracha, apanhei meu material de transição e com meu filho e toda minha família seguimos para o local da largada da natação. Não antes de verificar as sacolas do ciclismo e da corrida e dar uma olhada na bike, para ver se estava tudo bem. Corri para o banheiro! Uma revolução no estômago me causou um mal estar (imaginem!)!
Na praia, junto àquele mundo de atletas, ajoelhei-me e pedi proteção, para mim, para meu filho e para todos os meus colegas e que tudo ocorresse bem, sem nenhum transtorno. Soou a buzina! Todos correndo para o mar. Esperei. Fui andando devagar em meio àquela massa humana. Entrei na água e fui procurando uma brecha onde pudesse desenvolver bem a minha natação. Mergulhei e senti o gelo da água no rosto. Também senti pernas e braços batendo na minha frente, e de cara perdi o chip eletrônico (uma braçada ou pernada o arrancou da minha perna). Enfim visualizei a bóia e fui em frente.
No mar, várias dificuldades: orientação, águas vivas e a corrente marítima próxima à primeira bóia muito forte. Mas contornei as bóias e retornei à praia. Na areia aproveitei para me reidratar e parti para a próxima etapa que também foi difícil.
Ao chegar na transição me ajudaram a tirar a roupa de borracha e fui colocar o material de ciclismo. Peguei a bike e fui enfrentar os 180 km. Tempo lindo, sol brilhando, dia maravilhoso! Deus ouviu minhas preces (e provavelmente de muitos outros atletas)!
O ciclismo foi ótimo, um pouco de vento contra, curti demais essa etapa, só que tive que parar várias vezes para ir ao banheiro (muita hidratação – mas antes parar para um pipi do que “quebrar”). Minha segunda volta foi melhor que a primeira e saí para correr tranqüilo: cansado, mas com a idéia fixa de que chegaria lá! E fiquei impressionado que além da minha família me dando apoio (esposa, filhos, noras) e amigos, pessoas que eu nunca havia sequer visto estavam lá me empurrando, torcendo, vibrando, passando uma energia fundamental para nós atletas. Quero citar a importância dos staffs que com uma alegria contagiante nos acolheram e nos trataram de uma forma tão carinhosa que a cada passagem a energia era renovada. Agradeço de coração a todos eles! Terminei o ciclismo sem dores, mas receoso pelo que teria pela frente: 42 km de corrida!
A transição foi rápida. Saí para a corrida confiante e então rumei para Canasvieiras para os primeiros quilômetros da maratona. No km 4 uma subida imensa me esperava e não tive dúvidas, comecei a caminhar! Caminhei até a igrejinha, onde parei, me ajoelhei, agradeci e novamente pedi proteção até o final da prova. Logo em seguida começou a chover e essa chuvinha me acompanhou até o final. A partir daí encaixei minha corrida e foquei no término da prova. No decorrer da prova, muito incentivo de todos que lá estavam ( e muita energia passada por aqueles que não estavam presentes, mas que de casa dirigiam seus pensamentos positivos e suas orações). Não vou esquecer das palavras ditas pelo Alex Montanha quando passei por ele: “Não pare Bento!”. E da mesma forma não vou esquecer de você Luca que no km 41 me deu uma força tremenda, que foi fundamental para que eu alcançasse a linha de chegada realizado, com toda a minha família me esperando, e aí sim poder exorcizar meus fantasmas, meus medos, minha insegurança em conseguir concluir uma prova dessa envergadura.
Claro que depois que encerrei a prova fiquei sabendo de tudo que aconteceu ao meu redor e eu nem fazia idéia e que meu filho havia terminado a prova com 12 horas e 40 minutos (eu terminei com 15 horas e 18 minutos).
Encerrada a prova e todas as finalizações (massagens, soro, entrega da medalha e camiseta finisher), enfim agora já posso dizer “Eu sou IronMan”!
É importante ressaltar todo o sacrifício tanto nosso, como atletas, como de nossas famílias, pois durante o preparo, que no meu caso durou um ano, muitas coisas são deixadas de lado. As festas, as reuniões de família, os almoços e jantares, os churrascos de final de semana, tudo é regrado. É uma luta superar os dias em que os treinos não foram bons, e o desânimo bate porque você acredita que não está progredindo, que não está atingindo seus objetivos. Mas então você chega em casa e sua esposa está esperando para te dar uma injeção de ânimo, teus filhos te incentivam a continuar, no teu trabalho teus colegas já estão envolvidos e torcem pelo teu sucesso e a cada dia mais e mais pessoas se envolvem na torcida, aí então você consegue ver que aquele teu sonho pode ser compartilhado e que vale a pena prosseguir.
Para finalizar, gostaria de deixar meus agradecimentos à Tribo Esporte de Curitiba, na pessoa do Leandro, por todo o suporte e também ao Alex Montanha, agradecimento especial por ter montado e deixado a minha bike uma nave pronta para a batalha.”
Luca Glaser
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