Ninguém disse que iria ser fácil…
Chegou o grande dia. O dia que eu tanto temia, mas esperava. Se vocês lerem meus últimos relatos dos treinos vão ver que era tudo alegria. Difícil, lógico, mas sempre estava feliz e querendo mais, eu estava anestesiada. Neste final de semana, a anestesia parou de fazer efeito. “A água bateu na bunda”, “fui para onde a criança chora e a mãe não escuta”, literalmente.
Não foi por falta de aviso. Aquelas vozes: “o treino para o Ironman é difícil”, “quero ver você treinar…”. Pois é. Escutei todas elas hoje, novamente.
Para falar de tudo, vou começar com o treino de ontem, sexta-feira santa.
Sexta-feira
Treino de corrida: 24km Terreno Variado
Local: Guatupê
Horário: 8h30
Diferente do meu último longo de corrida, na chuva e de noite que acabei feliz da vida, esse doeu. Comecei a correr bem, na companhia do Victor que está indo para o 70.3 do Texas, fomos conversando em um ritmo bom e ele me alertando do percurso. Nunca tinha corrido neste lugar, adorei, foram 24km em estrada de chão com terreno variado. Sim, sofrido. Mas nada que um treino diferente para animar. O Victor me “largou” com 10km, faltava 2km para eu fazer retorno, ai só foi piorando… Liguei a música e comecei a me distrair. A perna estava boa, mas o ritmo ia caindo rsrsrs (vai entender). Foi treino VIP, com o carro da Webtreino escoltando e fazendo postos de hidratação no percurso.
Tive uma sensação horrível faltando uns 7km para terminar, parecia água (suor) no ouvido, tampou tudo e a minha respiração ficou intensa. Sabe quando acontece isso na serra do mar? Pois é. Foi tenso. Passou só depois de uns 20minutos que eu acabei o treino. Minha irmã, minha nutricionista, disse que isso é sintoma de desidratação. #Medo Paciência, antes em treino que em prova. E não foi por falta de aviso para beber água né Yana? srrsrs
Bom, treino feito. Recorde batido, 24km para a conta. A tarde fiquei com um pouco de dor nas costas e na parte de cima do pé (uma dor chata que sempre aparece….). Nada muito trágico, para um longo como esse. Bora para o treino de sábado.
Equipe Webtreino no treino longo de Corrida! |
Sábado
Treino de ciclismo: 150km plano
Local: Alexandra Matinhos (100% plano :/ estrada de 30km)
Horário: 8h30
Como o treino foi lá embaixo (nas praias), a equipe se dividiu um pouco, quem conseguiu desceu, umas 10 pessoas, o restante fez aqui em cima mesmo. Eu nunca fui muito adepta a treinar com relógio, pegar tempo e fazer média. O negócio é a sensação e se quiser me mandar fazer 200km eu vou bem tranquila e feliz. Esse treino eu sabia que seria diferente. Estrada 100% plana, média da equipe para treinos longo 36km/h. Pensei na frase do momento: “Tive medo, mas fui com medo mesmo”, alguma coisa do tipo. Pois bem, fui. Seriam 2 voltas + 30km para completar o treino. A primeira volta foi tudo bem, tudo tranquilo, estava na roda, fazendo força, mas estava ali. Não pensei no resto de treino, pensei em só aguentar mais um pouco. Cagada. Pode ter sido isso que tenha me feito chorar no final, mas vamos por partes!
Na segunda volta, começou a chover, sobrei e fiquei sem água. Tá aí um ponto fraco meu, me lembrei do Cruce de Los Andes que participei em 2012 e do medo que eu tinha de ficar sem água. Quando eu saio para pedalar longo levo um cardápio de coisas, muita comida mesmo, para não correr o risco de ficar sem. Agora água é limitado, na minha bike de estrada tenho só dois porta-caramanhola, e o 1,5l de líquido que eu tinha secou. Ficar sem água é uma coisa que me incomoda muito, muito mesmo, meu psicológico fica doido. Mas eu só ficava pensando: “no Ironman vai ter posto de hidratação”, e me imagina abastecendo minha garrafa na prova. 🙂
O grande Marlus, passou por mim e me deu um “milagroso” gole de água, eu ainda tinha 10km para a parada no posto. Parei e nem interagi com a equipe, comprei uma água de 1,5l, um Powerade e uma Coca-Cola, quase esqueci de comer. rsrsrsrrs
Meu ex-técnico, e eu digo meu professor do triathlon, que me fez viver momentos incríveis no esporte e conviveu muito comigo e me conhecia muito bem, me chamava de cabeça d’água, por eu sempre chorar. É Cattinha, as coisas não mudaram muito por aqui…. rsrsrsrs
Não falei com ninguém no posto, porque eu sabia que eu ia chorar. Não sei também explicar bem o porque, mas quando eu desafio meu psicológico eu acho que abala meu emocional, só pode ser! Um estudo de caso a ser desenvolvido rsrsrs.
Saímos do posto com 2km, furou meu pneu. O Maurício trocou para mim na maior facilidade, obrigada técnico! E lá vamos nós grudar na roda. Fiquei mais uns 20km na roda do grupo, mais ou menos, e sobrei. Dessa vez não caiu tanto a velocidade, mas tudo meio que doía e alguma coisa me incomodava que eu até agora não sei bem o que era. Acabando a volta tínhamos mais 30km para fazer, cruzei com o grupo que já havia feito o retorno antes e o Maurício voltou para me acompanhar, ele achava que eu ia direto para o posto. Quando ele me falou isso eu pensei: “até que eu não estou tão mal então, não pensei na hipótese de parar o treino antes.” Há! Ponto positivo, isso me levantou um pouco, bem pouco! rsrsrs
Grudei na roda dele e fomos indo, quando o primeiro da equipe cruzou com a gente o Maurício achou melhor voltarmos para não ficarmos tanto para trás. Como a média do treino foi boa, pedalei um bom tempo com o grupo o Maurício me liberou e acabei fazendo apenas 135km. 🙁
Não foi dessa vez que bati meu recorde, mas com certeza foi o treino ápice para a minha cabeça saber o que eu vou enfrentar no dia 26 de maio.
Na estrada voltando para casa, voltei chorando. Não entendi o porque, mas pareceu que foi uma confirmação para mim de que esse é o caminho. Duro, difícil, mas a recompensa do final vai ser gratificante.
Luca Glaser
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1 Comment
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Da-lhe Luca!!! To torcendo por ti…
Grande beijo.