Triathlon e a autopromoção
Eu sou triatleta e você?
Eu já fiz 7 ironmans e você?
O triathlon está cada dia mais em evidência e isso é um fato. Acho ótimo quando aparece um triatleta nos programas de televisão ou quando algum famoso participa de alguma prova. Um esporte individual como o nosso precisa de mídia para crescer. Mas dois fatos desse último mês me chamaram a atenção e me fizeram refletir até que ponto a vaidade humana pode ajudar a fomentar o nosso esporte.
Primeiro o texto do Nizan Guanaes, na Folha de São Paulo, com o título: “Correr é o novo MBA”. O publicitário conta sua experiência com o esporte e a vida profissional. Afirmou que o foco que o atleta tem para treinar para os seus objetivos é refletido no dia-a-dia profissional. Mas isso não é de hoje e não é mérito da Maratona ou de um Ironman. Lembro quando ainda estava no colégio, uma professora comentando que eu que era atleta era mais proativa e atenciosa aos estudos do que os outros. Esse é o poder do esporte em geral! São as características que um estilo de vida “ativo” se diferencia dos demais. Se, como comentado pelo Nizan, empresários americanos estão colocando o símbolo do Ironman no cartão de visita, tenho vontade de chorar. Porque com 20 anos de triathlon, nem bolsa de estudos para acabar a minha faculdade eu consegui aqui no Brasil….
Sim, atletas têm diferenciais e precisam ser reconhecidos. É esse o ponto que temos que tirar do texto e não sair com essa frente incentivando pessoas a fazerem maratona e se inscreverem em um ironman. Porque isso é o que mais vemos. Pessoas querendo entrar “na moda” sem paixão pelo esporte e sem apresso ao desafio, apenas para dar o check! (e quem sabe tatuar e colocar no cartão de visita o símbolo da marca).
Aí entra um outro caso, da “influenciadora” Arshley Horner que lançou o desafio de completar 50 Ironmans em 50 dias seguidos em 48 estados norte-americanos e 2 vezes no Haiti.
Detalhe: nunca tinha feito um ironman antes.
O @correndoporai que contou tudo e me chamou a atenção para este caso (confira o texto dele o Trilo).
Ela completou 2 ironmans e meio, e parou por rabdomiólise, e diz que vai tentar novamente. O desafio tinha causa social e o nome era WOMAN OF IRON. Talvez ela realmente não sabia o que era ser uma ironwoman. Mas daí eu me pergunto, por que?
Essa autopromoção, a moda, vale a negligência com os outros? vale trapaça? vale arriscar a saúde? vale ser alguém que você não é? vale comprar seguidores?
Esses casos me entristecem, queremos nosso esporte crescendo, queremos o triathlon na mídia, mas principalmente queremos atletas exemplos, queremos atletas apaixonados, queremos a valorização do nadapedalacorre.
Faça o desafio que for, tatue o que quiser, mas que a essência dessas ações estejam primeiro no seu coração.
Beijos de uma triatleta apaixonada.
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Luca Glaser
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4 Comments
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Boa Noite! Gostei da reflexão. Colocou um outro ponto de vista que ainda não tinha pensado. De fato, fico pensando que têm se usado as “glórias” esportivas como algo tipo “business”. Há anos que corro e agora venho descobrindo o Triatlon. Como em um romance, tenho me apaixonado. A prática esportiva me trouxe muito do mundo para dentro de mim. Além de seus inúmeros benefícios, o ato de se exercitar é inerente ao ser humano que busca estar bem. Soa um tanto prepotente dizer que o cara fez um Ironman e quer colocar isso no currículo. Da se a ideia de ele dizer algo do tipo: “ Sou focado, consigo o que quero e ainda tive tempo para um Ironman”. Parabéns a esses sujeitos pela conquista esportiva. Mas outras milhares de pessoas também conquistaram isso, com base em paixão, amor e dedicação sem esperar absolutamente nada. Apenas por amor. Isso basta. Sucesso na sua jornada!
OI Ricardo! É bem por aí, cada um sabe do seu e cada um tem seu mérito, só não podemos inflamar o esporte com vaidade!!! Bons treinos!
Texto fodástico, parabéns Luca
Obrigada Marcele! TMJ bons treinos!